Cerca de seis quilómetros de aventura!
Ponta Baleia - onde embarcam os turistas que vão para o Ilhéu das Rolas (cerca de 15 min)
Tendo estado um mês em Malanza
e Porto Alegre, no Sul (numa missão em 2014), conheço razoavelmente a zona.
Logo, não foi difícil estabelecer de uma caminhada (à volta de 5 quilómetros): desde
Ponta Baleia até à Praia Inhame, passando por Malanza (onde vivi com os os Leigos para o Desenvolvimento) e Porto Alegre (onde orientei uma
formação e um curso de Francês do Turismo aberto à população).
O Adílson (guia que transportou da capital e que já conhecia)
deixou-nos em Ponta Baleia ao final da manhã, recolhendo-nos na Praia do
Inhame (onde almoçámos o farnel que levávamos) às 15h30.
O muito calor e humidade que
se faziam sentir dificultavam a marcha mas, ao mesmo tempo, davam à aventura o
cunho tropical que procurávamos: a respiração da floresta a envolver-nos e a
colar-se-nos ao corpo como uma segunda pele, as grossas gotas de transpiração a escorrerem pelo rosto, servindo do queixo como de um trampolim para
o salto final para o solo negro e fértil da floresta… Mágico!
A seguir, as imagens
testemunhadas pela objetiva e gravadas para sempre num cantinho muito especial
da memória.
Coqueiros, bananeiras e uma trepadeira muito especial: a baunilha.
Malanza: casa com vista prò mar e foz do rio Malanza.
Apressei o passo para entrar no velho edifício da Roça Porto Alegre e rever o espaço das aulas de Francês...
Choque e tristeza: o teto, já em mau estado em 2014, ruiu e não haverá aqui mais aulas!
Resta a janela. Moldura de uma papaieira, inspirou descrições dos alunos e fez sonhar o professor. Entre telhas partidas e ferros retorcidos, retirei-me em silêncio e, sem olhar para trás, refugiei-me nas memórias felizes do passado...
Roça de Porto Alegre: casa do patrão (em muito mau estado).
Depois de Porto Alegre, caminho na floresta, em direção à Praia Inhame.
Quase a chegar...
Bungalow no resort.
Onde é que eu já vi esta linda e gentil princesa?
Visto da Praia Inhame, o Ilhéu das Rolas ergue-se do oceano...
Praia do Inhame: areia de ouro, água transparente aquecida pela magia do equador...
Um último olhar...
Em Porto Alegre, reencontro com o Ruger (em 2014, meu aluno de Francês muito empenhado) e a mãe (D. Cisaltina), que faz uns bolinhos de coco que são uma perdição. Vivendo na rua principal, perto da escola, vende fruta, com destaque para a banana-pão acabada de apanhar. À direita, outro jovem membro da família.
Escola de Porto Alegre, onde dava aulas à noite.
Já no regresso, a belíssima cascata de Praia Pesqueira.
Enquanto eu tomasse banho na cascata, juntou-se à Cecília uma assistência muito interessada: se eu sabia nadar, se eu ia saltar lá de cima e mergulhar como eles costumavam fazer... Ficaram desapontados quando souberam que não.
Para alimentar o imaginário do amor e uma cabana na floresta tropical...
Um vendeiro coloca o recipiente no tronco de uma palmeira onde fez um corte. A seiva vai acumular-se e alimentar o seu negócio. Recentemente colhida é de sabor agradável, ao fim do dia, fermentada, transforma-se em vinho da palma. Se consumida no dia seguinte, é de cair para o lado. Um dos problemas do país é o alcoolismo provocado pelo consumo desta bebida.
No regresso à capital, o sempre espetacular Pico Cão Grande com a cabeça nas nuvens. Em primeiro plano, uma amostra da monocultura de palmeiras para produção de óleo de palma que se instalou no Sul. Os responsáveis por este crime ambiental são o governo santomense e a empresa Agripalma. As vítimas são as espécies vegetais e animais desaparecidas ou ameaçadas. Sendo um facto que São Tomé é um país muito pobre (6% do PIB português per capita), este parece-me ser o pior caminho para um suposto desenvolvimento.
A estrada para o Sul (há apenas duas no país) está muito mais destruída do que em 2014 (devido à passagem dos camiões da Agripalma), isolando ainda mais populações do distrito do Caué (o mais pobre). Um primeiro "benefício" deste projeto...
Segundo o Público, um relatório de Dezembro de 2011, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente já alertava para a destruição de florestas tropicais devido "à rápida expansão da monocultura do óleo de palma". (...) O estudo de impacto ambiental (...) é deficiente, não teve consulta pública e foi difícil de obter. "Estava na Bélgica, em inglês, e a tradução é má".
Resumindo, uma vergonha!
Abraço.
António
Misto de alegria pelos teus prazeres reencontrados e tristeza pelo abandono e abuso da Mãe Natureza que se fará pagar sobre as pobres populações.
ResponderEliminarAgreiro