De um prado qualquer para o tejadilho de uma candonga à distância de um par de estaladas...
Sendo a população predominantemente animista (55%,
contra 40% de islâmicos e 5% de cristãos), não surpreende que o sobrenatural se
assuma com uma verdadeira instituição na Guiné-Bissau, como acontece em relação
às florestas (espaço sagrado para muitos). Ver a notícia transcrita no final do
post.
Na Guiné, são utilizados como meios de transporte
urbanos (em Bissau), os táxis (sempre partilhados) e os toca-toca (termo que o
crioulo foi buscar ao toka-toka do
Senegal), uma espécie de pequeno autocarro com dois bancos laterais corridos
onde cabe sempre mais um.
Toca-toca no centro de Bissau.
Nos trajetos entre localidades, entram em ação as
candongas (termo do quimbundo), transporte misto de pessoas e mercadorias e também
de animais.
Contou-me um professor guineense que quando alguém
se desloca com uma cabra, antes de iniciar a viagem dá um par de estaladas no focinho do animal, o que funcionaria como uma espécie de amuleto contra os maus espíritos…
Abraço.
ProfAP
Notícia
do Correio da Manhã (14.02.16):
Diabos engarrafados e outros seres míticos em defesa das
florestas da Guiné-Bissau
Um homem que um dia acampou
numa floresta sagrada do Boé, leste da Guiné-Bissau, levou sem querer, fechado
numa garrafa, um pequeno diabo de volta para casa, conta-se nas aldeias
guineenses. Foram tantos os infortúnios que lhe aconteceram a ele e a quem o rodeava
que todos tiveram que se mudar para outras terras, para bem longe daquela
espécie de demónio. Superstições como esta ainda são contadas com frequência
para preservar as florestas que a população classifica como sagradas, um saber
ancestral que uma Organização não-governamental (ONF) holandesa quer preservar.
Estas histórias estão em risco de desaparecer, alerta Annemarie Goedmakers,
dirigente da Chimbo, que lhes pretende dar um novo fôlego.
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