Em 2016, pouco antes de aterrar, a primeira imagem de Bissau: o rio Geba como uma imensa serpente a deslizar na planície inundada pelas chuvas de agosto...
I de…
INDEPENDÊNCIA – A Guiné-Bissau foi a primeira colónia a ver a sua
independência reconhecida por Portugal, em setembro de 1974.
O
poder foi passado ao Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e
Cabo Verde (PAIGC), um movimento independentista fundado em 1956 e liderado por
Amílcar Cabral até ao seu assassinato em janeiro de 1973.
Já
em setembro de 1973 o PAIGC tinha declarado, de forma unilateral, a independência
do país, reconhecida por cerca de 80 países.
Vídeo da RTP sobre o assunto AQUI.
INTERNET – Mesmo em Bissau a internet é muito lenta e cai com
frequência. Na minha primeira missão em setembro de 2016, em Bissau,
houve um apagão de internet que durou uma semana.
Fora
de Bissau, é quase uma miragem…
J de…
JAGUDI – É nome em crioulo dos abutres que, com surpresa
para quem vem de fora, sobrevoam continuamente a cidade de Bissau.
K de…
KA TEM! – Ao contrário do que possa parecer, pela sonoridade, a
expressão significa que não há. Quando um vendedor diz “ká tem”, quer dizer que
ele não tem o que estamos pedir-lhe.
KEBRA-MOLAS – As estradas que ligam Bissau a outras localidades
estão em mau estado, com muitos buracos. Para complicar mais a vida de quem
conduz, há em várias delas lombas de cimento não assinaladas, pondo em risco a
segurança. Às vezes, há pneus na berma junto às lombas. Uma vez, encontrámos
com uma informação-aviso surpreendente: “kebra-molas”. Soubemos depois que é
assim que as lombas são conhecidas…
L de…
LARANJAS – De casca verde e menos doces do que as que comemos
em Portugal, são uma boa fonte de hidratação. Uma vez um amigo trouxe-me
toranjas que lhe tinham oferecido numa tabanca: muito
sumarentas, doces e sem aquele travo amargo característico.
LÍNGUAS – Embora seja a língua oficial, apenas cerca de 11%
da população fala português. O crioulo é a verdadeira língua franca do país, falada
por mais de 90% da população. Enquanto o português é usado nas instituições
públicas, nos documentos oficiais e na escola, o crioulo é a língua que todos
usam em casa, com os amigos e na rua.
Há
ainda a registar a existência de 22 línguas étnicas (algumas em vias de
extinção), sendo, por ordem decrescente, estas as mais utilizadas: fula, balanta, mandinga, manjaco e papel.
M de…
MAIMUNA – Este é o nome de uma jovem guineense que costuma ir
vender vegetais e frutos à embaixada de Portugal. Vale a pena procurá-la, pois
os seus produtos são de qualidade. Ao longo da rua situada nas traseiras do
hotel Ancar, há vários vendedores. Basta perguntar-lhes onde fica a banca da
Maimuna.
MALÁRIA – A malária mata em todo o mundo 5 pessoas por
minuto. Na Guiné-Bissau, morre-se (e muito!) de malária, pelo que a profilaxia
(sempre com receita médica) é vivamente aconselhada. Costumo optar pela marca
“Mephaquin”, por os comprimidos serem mais baratos e práticos, pois a toma (que
se inicia uma semana antes da partida e se prolonga por mais três após o
regresso) ocorre apenas uma vez por semana.
No
sítio da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante, fazem-se as seguintes
recomendações:
A malária, também chamada
por paludismo, é uma doença parasitária transmitida por mosquitos e é endémica
em vários países tropicais. É uma doença potencialmente fatal se não tratada
atempadamente.
1. É imprescindível a prevenção de picada de mosquitos,
através do uso de repelentes, vestuário adequado e redes mosquiteiras.
2. Poderá ser necessária a prevenção das formas da
doença através da toma de medicação.
3. Após ou durante viagem para zona de risco de Malária,
manifestando sintomas sugestivos da doença (febre é sempre, e até prova em
contrário, malária) deverá procurar apoio médico e realizar o teste diagnóstico
(teste rápido e gota espessa). Deverá sempre informar o seu Médico da sua
viagem.
MANCARRA – É nome que se dá ao amendoim. Vem do termo crioulo
(tanto da Guiné-Bissau como de Cabo Verde) mancara,
com um só r, pois no crioulo não há consoantes duplas. A palavra entrou no
português e já está dicionarizada.
MASSACRE DE PIDJIGUITI –
Na sequência de uma greve, no dia 3 de agosto de 1959, dos trabalhadores do
porto de Bissau, em que estivadores e marinheiros reivindicavam um aumento salarial,
houve uma resposta violenta das autoridades coloniais. Resultado: cerca de 50
mortos e uma centena de feridos. A data do massacre foi transformada num dos
momentos da luta de libertação da Guiné-Bissau. À entrada do porto (lado
esquerdo), há um pequeno monumento alusivo ao massacre.
MOEDA – A moeda local é o franco CFA, com câmbio fixo
relativamente ao euro (1 euro = 655,957 francos CFA). Existem apenas duas
caixas ATM com sistema Visa em Bissau e o seu funcionamento é incerto. Não
existe rede de pagamentos multibanco. As despesas são pagas em dinheiro, pois
não existem sistemas de pagamento com cartão de crédito ou multibanco. É
possível trocar dinheiro junto dos bancos ou no sistema informal. Dica para
fazer o câmbio:
Divide-se
por 1000 (basta recuar 3 casas) e multiplica-se por 1,5. Exemplos:
500 fr = 0,75€ / 1000 fr = 1,5€ / 5000
fr = 7,5€ / 25 000 = 37,5€ / 40 000 fr = 60€
MERCADOS –
O mais conhecido é o Mercado do Bandim,
com quilómetros de extensão ao longo e a partir da Avenida Combatentes da
Liberdade da Pátria. Mais convencional, o Mercado
Central, junto ao hotel Ancar, merece uma visita.
MOSQUITOS – Para prevenir as picadas, deverá utilizar
mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços e usar
repelente, não esquecendo os pés, principalmente ao nascer do dia e ao início da noite.
N de…
NOMES A RETER
Amílcar Cabral
(1924-1973) – Foi poeta, agrónomo, fundador do PAIGC e “pai” da independência
conjunta de Cabo Verde e Guiné-Bissau. Foi Assassinado 1973. Para saber mais, clique
AQUI.
José Carlos Schwarz (1949-1977) – Foi poeta e músico da Guiné-Bissau, amplamente
reconhecido como um dos mais importantes e notáveis músicos da Guiné-Bissau. Escreveu em português
e francês, mas cantava em crioulo.
Para saber mais, clique
AQUI.
Veja e ouça uma das suas
canções conhecidas AQUI.
Karina Gomes – Um dos mais importantes nomes da música guineense na atualidade. Saiba mais sobre ela AQUI e ouça o sucesso "Amor Livre" AQUI.
Karina Gomes – Um dos mais importantes nomes da música guineense na atualidade. Saiba mais sobre ela AQUI e ouça o sucesso "Amor Livre" AQUI.
Vasco Cabral
(1926-2005) – Poeta guineense lutador pela independência e um dos líderes do
PAIGC. Para saber mais sobre a
vida e obra, com destaque para o magnífico poema “Esperança”, clique AQUI.
O de…
ÓLEO DE PALMA –
Exibindo um cor de laranja vivo, é um dos produtos interessantes que vai
encontrar na Guiné. De produção artesanal e com sabor suave, entra em várias receitas guineenses.
P de…
PANOS – Um dos produtos típicos da Guiné-Bissau são os
panos coloridos. Entre eles, destaca-se o tradicional pano de pente “objeto de
grande significado para a etnia Papel, intervém em todas as etapas da sua vida
e é um objeto sagrado. Quantos mais panos se arrecada em vida mais rico se é”. (http://www.independenciaslusa.info/arquivo-fotos-panos-de-pente-transformaram-se-em-destino-turistico/)
“O pano de pente, de tear artesanal,
tem uma grande importância social e cultural na Guiné-Bissau. A tecelagem
guineense é uma tradição bem antiga e a versatilidade dos panos de pente não a
deixam cair em desuso.
Devido ao seu valor patrimonial no
seio dos guineenses os panos de pente são usados em várias ocasiões de grande
significado para o país, passando pela política, moda, cerimónias fúnebres,
casamentos tradicionais e decoração.
Apesar de ser um produto bastante
dispendioso, devido a importação do algodão, está sempre presente nos rituais
guineenses.” (http://panodepenteguineense.weebly.com/)
PEPINOS – Mais curtos e bojudos dos que os que costumamos consumir
em Portugal, são muito tenros e saborosos.
PRATOS GUINEENSES –
A cozinha tradicional guineense não nos deixa indiferentes pela palete de
sabores, aromas, ingredientes e cores que usa. Uma cozinha simples mas
surpreendente, resultante do cruzamento da cultura gastronómica ancestral
africana - com produtos da terra como legumes ou fruta que só ali encontramos -
com matizes da cozinha tradicional portuguesa.
As
ostras são abundantes na Guiné-Bissau e convidam a um bom convívio.
Os camarões de Farim são outra iguaria a não perder.
A
lima, a malagueta, o óleo de palma ou a mancarra (amendoim) estão sempre
presentes na cozinha guineense caracterizada por sabores intensos e
condimentados. A acompanhar, encontramos invariavelmente o arroz. Os peixes como
a bica são muito apreciados e normalmente comem-se grelhados com um molho feito
à base de cebola, limão e malagueta. E claro, arroz!
De
referir que há etnias que comem macaco, o que constitui uma verdadeira ameaça
para algumas espécies, e a etnia Papel come cão.
Alguns
pratos representativos da gastronomia guineense:
1. Sigá – ingredientes
principais: quiabos, camarões (ou peixe ou carne), djagatu, óleo de palma. Receitas AQUI e AQUI.
2. Caldo de chabéu – ingredientes principais: chabéu (fruto alaranjado
da palmeira), mandioca, djagatu, carne ou peixe.
3. Caldo branco – ingredientes principais: peixe, limão, alho,
tomate.
4. Caldo de mancarra – ingredientes principais: frango, pasta de amendoim,
tomate, limão, óleo de palma, malagueta. Deixo-vos a minha receita de caldo de mancarra AQUI.
5. Caldo de peixe – ingredientes principais: peixes variados, óleo de
palma, alho, cebola, arroz.
6. pitche-patche de ostras - ingredientes principais: ostras, arroz, tomate,
limão.
Receita AQUI.
7. Cafriela – galinha da terra ou carneiro grelhados com molho de
limão, malagueta e cebola.
8. Camarões à guineense – ingredientes principais: camarão, pepino, piripiri. Receita AQUI.
9. Abacate recheado com atum – ingredientes principais: abacate, atum, limão,
natas, coco. Receita AQUI.
10. Frango com baguitche - ingredientes principais: frango, baguitche (ou
espinafres), alho, óleo de palma, limão. Receita AQUI.
11. Tieboudienne (de influência senegalesa) – guisado de peixe, com
arroz e legumes.
12. Poportada – Prato preparado em base de farinha de arroz. O
ingrediente principal é a carne de porco salgado.
13. Katore – prato típico dos Bijagós feito com peixe cozido
misturado com óleo de palma.
PROVÉRBIOS CRIOULOS - Clique AQUI.
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Guiné-Bissau: informações e dicas (parte I): AQUI
Guiné-Bissau: informações e dicas (parte II): AQUI
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