03/10/18

Missão Cabo Verde XX: Um café muito especial!



Vibro com as pequenas coisas da vida e mais ainda com as surpresas boas que surgem quando menos espero. Uma espécie de presente dos céus…
A situação que vou partilhar, ocorrida em Santo Antão, no sábado passado, é um desses casos.
Chegado à Ribeira Grande (a cerca uma hora de viagem de Porto Novo, onde atraca o barco vindo do Mindelo), enveredei por um caminho verdejante para fora da cidade para fazer uma caminhada.
Entrei numa espécie de padaria onde se vendiam vários produtos alimentares e perguntei se serviam café. Disseram-me que não, mas que, um pouco mais adiante no caminho, poderia tomar café.
Pouco tempo depois, encontrei o Divin’Art. Desci as escadas e deparei com a inscrição “Restaurante – Artesanato" (estava explicado o nome).

Quando transpus a porta, ouviu-se um sinal sonoro bem estridente e, uns segundos depois, apareceu o dono. À minha pergunta se serviam café, respondeu que sim. Enquanto punha a cafeteira ao lume, dei uma volta pelo espaço, descobrindo recantos muito agradáveis com bancos e uma magnífica paisagem envolvente.

Passados uns cinco minutos, foi-me servida uma enorme chávena de café bem quente. 

Quando perguntei quanto era, respondeu:
-- Deixe estar…
-- Gostava de pagar já. – Insisti eu.
-- Paga logo ou amanhã.
-- Logo ou amanhã?
-- Sim. – Confirmou ele com um grande sorriso.
-- Espere lá. Está a oferecer-me o café?
-- Sim. – Disse ele com um sorriso ainda maior.
-- Muito obrigado. – Disse eu, enquanto me recompunha da surpresa.
O café estava delicioso, mas foi sobretudo o gesto generoso daquele desconhecido que me soube divinalmente.
Quando acabei de beber o meu insólito café, coloquei a chávena em cima da mesa ao lado do fogão e fui procurar o meu anfitrião.
Encontrei-o num recanto a tocar viola. Quando me viu, sorriu-me com ar divertido.
-- Quero agradecer-lhe este delicioso café e um dia volto cá para lhe pagar. Pode ser?
-- Está combinado!
Despedimo-nos à moda de cá (encosta-se o punho fechado ao punho do parceiro e de seguida toca-se no peito na zona do coração).

Saí e prossegui a minha caminhada com um sorriso instintivo e feliz por ter esta história para vos contar!
Abraço.
ProfAP


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