Vibro com as pequenas coisas da vida e mais ainda com
as surpresas boas que surgem quando menos espero. Uma espécie de presente
dos céus…
A situação que vou partilhar, ocorrida em Santo Antão, no sábado passado, é um desses casos.
Chegado à Ribeira Grande (a cerca uma hora de viagem
de Porto Novo, onde atraca o barco vindo do Mindelo), enveredei por um caminho
verdejante para fora da cidade para fazer uma caminhada.
Entrei numa espécie de padaria onde se vendiam vários
produtos alimentares e perguntei se serviam café. Disseram-me que não, mas que, um
pouco mais adiante no caminho, poderia tomar café.
Pouco tempo depois, encontrei o Divin’Art. Desci as
escadas e deparei com a inscrição “Restaurante – Artesanato" (estava explicado o
nome).
Quando transpus a porta, ouviu-se um sinal sonoro bem estridente
e, uns segundos depois, apareceu o dono. À minha pergunta se serviam café,
respondeu que sim. Enquanto punha a cafeteira ao lume, dei uma volta pelo
espaço, descobrindo recantos muito agradáveis com bancos e uma magnífica paisagem
envolvente.
Passados uns cinco minutos, foi-me servida uma enorme
chávena de café bem quente.
Quando perguntei quanto era, respondeu:
-- Deixe estar…
-- Gostava de pagar já. – Insisti eu.
-- Paga logo ou amanhã.
-- Logo ou amanhã?
-- Sim. – Confirmou ele com um grande sorriso.
-- Espere lá. Está a oferecer-me o café?
-- Sim. – Disse ele com um sorriso ainda maior.
-- Muito obrigado. – Disse eu, enquanto me recompunha da surpresa.
O café estava delicioso, mas foi sobretudo o gesto
generoso daquele desconhecido que me soube divinalmente.
Quando acabei de beber o meu insólito café, coloquei a
chávena em cima da mesa ao lado do fogão e fui procurar o meu anfitrião.
Encontrei-o num recanto a tocar viola. Quando me viu,
sorriu-me com ar divertido.
-- Quero agradecer-lhe este delicioso café e um dia
volto cá para lhe pagar. Pode ser?
-- Está combinado!
Despedimo-nos à moda de cá (encosta-se o punho fechado ao punho do parceiro e de seguida toca-se no peito na zona do coração).
Saí e prossegui a minha caminhada com um sorriso instintivo e feliz por ter esta história para vos contar!
Abraço.
ProfAP
Sem comentários:
Enviar um comentário