Uma das fotos que mais gostei de tirar!
À primeira impressão, Bissau é uma
cidade em autogestão (como todo o país) e a céu aberto…
O lixo e os esgotos marcam a paisagem. Não há
contentores nem caixotes. O gesto natural é deitar para o chão. Existe recolha
de detritos, mas é pouco eficaz.
E depois há as pessoas. Com pequenos negócios e a arte que
o engenho aguça, são heróis numa odisseia de sobrevivência todos os dias.
De
sorriso fácil e um otimismo desconcertante, falam da esperança em dias melhores. Embora cientes da situação política complicada, da corrupção e da má gestão, têm um amor profundo ao seu país e orgulho em serem guineenses.
Após cinco semanas, na véspera de partir,
dediquei a tarde à zona onde a atividade humana é constante e
intensa: o mercado do Bandim. São quilómetros de lojas, bancas ou apenas panos
no chão com pepinos (é a época deles), pimenta, feijão, frutos (poucos nesta
altura do ano) ou mancarra (amendoim). Aqui e ali, em pequenos fogareiros a
carvão, espigas de milho a assar tentam quem passa. Comprei mancarra, feijão,
umas tiras de coco (para lanche ambulante) e pepinos (muito tenros e de
excelente sabor, ainda duram cá em casa).
Depois de duas horas de deambulação labiríntica, alagado
em transpiração e sob a ameaça de uma gigantesca trovoada, iniciei o caminho de
regresso para o alojamento.
Olhando à esquerda e à direita e para o céu (sempre diferente na luz, nas cores e nas formas, mas sempre magnífico), fui descendo a avenida e registando na alma, como um pintor de emoções, as últimas impressões...
Um abutre vigia o negrume das nuvens...
Ao fim da tarde, o céu pinta-se de ouro...
Um urso gigantesco invade o céu...
Como uma pincelada, uma ave projeta-se no écran de nuvens...
Com o dia a acabar, o sol incendeia as nuvens...
Já com a saudade à espreita, senti-me um bissanense de corpo e alma!
Abraço especial para todos que tive o prazer de conhecer nesta aventura.
António
Fantástica transmissão de vivências! Brigada, António!
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