Cena familiar (feliz) na cidade de Cacheu...
Como íamos estudar um artigo intitulado “Os
animais de estimação fazem bem à saúde!”, pareceu-me uma boa ideia criar uma
estratégia de pré-leitura. Assim, na véspera do estudo do texto, pedi aos alunos
que se preparassem para participar oralmente: “Tem ou gostaria de ter animais
de estimação? Quais? Porquê?”
No dia seguinte, logo no início da
aula, lá foram sendo feitas as intervenções. Num certo momento, um jovem disse
que já tinha tido um cão, mas não queria mais animais de estimação.
Ingenuamente, quis saber porquê. Veio, nu e cru, o relato. Depois de sido apedrejado
num dia, noutro dia, o animal foi mesmo levado e… comido!
Embora chocado com o
relato, tentei encontrar as palavras certas para confortar o jovem e mostrar
a minha solidariedade.
Recompus-me (The show must go on…) e as
apresentações prosseguiram.
Dois ou três alunos depois, mais uma
partilha. “Eu tinha um gato, mas comeram-mo!” Mais umas palavras de conforto
e passámos ao orador seguinte.
Mesmo quase no fim: “Eu
tinha um periquito…”. Não me contive: “Não me
diga que lhe comeram o periquito!” “Não, não. Morreu.”, respondeu o aluno. Com
um suspiro de alívio, saiu-me um “Ah, tava a ver…”.
Nas restantes apresentações, tudo “normal”,
incluindo o caso do Braima que tem como animal de estimação um carneiro.
Lembrei-me depois que a minha mãe conta que, no início dos anos 60, os malteses (trabalhadores agrícolas oriundos do Norte), que trabalhavam, em condições miseráveis, no monte onde vivíamos, comiam todos os
gatos que apanhavam a jeito…
Tudo é relativo na vida. A sabedoria popular di-lo: "Em caso de
necessidade, casa a freira com o frade."
Abraço.
António
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